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Apaest Antonio editadaO diretor adjunto da Apaest, Antonio Carlos Silva dos Santos [foto ao lado], engenheiro industrial mecânico e de segurança do trabalho, e também conselheiro suplente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), nessa entrevista, fala da explosão de uma das caldeiras da cervejaria Heineken, na cidade paulista de Jacareí, no dia 28 de janeiro último, que matou quatro trabalhadores.

Apaest – O acidente ocorreu enquanto se fazia uma manutenção no equipamento. O senhor, como engenheiro de segurança do trabalho, nessa área, o que já levantou sobre essa ocorrência?
Antonio Carlos Silva dos Santos – Embora não tenha visitado e vistoriado o local, vendo as cenas logo após a ocorrência e entrevistas com os envolvidos, na imprensa, levantei as seguintes informações: houve um vazamento na caldeira; três caldeiras antigas, que estavam fora de funcionamento há quase 10 anos, estavam sendo reativadas, em substituição de outras três caldeiras mais recentes, com objetivo de economia; a caldeira que explodiu passava por manutenção, e estava sendo transformada para mudança do tipo de combustível usado para o aquecimento, e seria alterada de óleo para gás; o acidente aconteceu na realização dos testes de funcionamento; a Heineken utiliza serviços de terceirizadas para realizar a manutenção das caldeiras; e um dos entrevistados informou que a manutenção da caldeira estava sendo realizada com o equipamento em funcionamento.

Todavia, dados importantes não foram divulgados sobre a caldeira acidentada: classificação, modelo, capacidade, dimensões, combustível, tempo de uso, pressões. Quando ocorre a explosão de uma caldeira significa que o ambiente do equipamento deixou de ser controlado e as técnicas da engenharia de segurança do trabalho foram desprezadas.

Foto: Agora Vale
Calderaria Heineken AgoraVale
Engenheiro destaca as medidas de segurança necessárias para o equipamento que explodiu na cervejaria Heineken

Apaest – Quais os perigos decorrentes desse tipo de equipamento e quais as medidas de segurança para evitar tragédias como essa?
Antonio Carlos Silva dos Santos – Os principais perigos decorrentes no uso desse tipo de equipamento são: o superaquecimento, a falta de água, a escolha inadequada do material utilizado na construção da caldeira, a má fabricação da caldeira, o acúmulo de gases, a falta de manutenção adequada, caldeira com tempo de uso ultrapassado, mão de obra desqualificada, falta de sistema de controle, de dispositivos de segurança e de inspeção.

E ainda: mudança de combustível alterando o projeto inicial, o tratamento de água, ou até mesmo a forma de acionar (partir) e parar uma caldeira podem determinar as condições variáveis do equipamento. Frequentemente as empresas não seguem a curva de aquecimento e de resfriamento de uma caldeira, provocando danos à estrutura.

As principais medidas de segurança começam com a conscientização e envolvimento de todo corpo diretivo da empresa, planejando e projetando o equipamento dentro das melhores e mais seguras condições, treinando, qualificando e protegendo os funcionários, o patrimônio, o equipamento e a vizinhança.

Apaest – Acidentes nesses equipamentos são sempre fatais?
Antonio Carlos Silva dos Santos – Sim. Estamos falando de equipamentos de dimensões médias e grandes que armazenam grandes quantidades de água e vapor em alta temperatura e com pressões elevadíssimas, tudo isso ocorrendo dentro de cápsulas de aço; assim, quando ocorre a explosão, os estilhaços do material, juntamente com o líquido e o vapor extremante quentes, além do deslocamento de ar produzido pela alta pressão, são sempre responsáveis por graves acidentes, com grandes danos a vida dos envolvidos e destruição dos equipamentos e estrutura das instalações, do local e vizinhança.

Apaest – Como a engenharia de segurança do trabalho ajuda na prevenção de acidentes em caldeiras?
Antonio Carlos Silva dos Santos – NR13 [Norma Regulamentadora de caldeiras e vasos de pressão] estabelece parâmetros preventivos para a administração do sistema, sem se aprofundar numa análise de risco ao longo da vida de uma caldeira, devido à necessidade de controle eficaz por inspeção. O empregador é o responsável pela adoção das medidas determinadas nesta NR. Constitui condição de risco grave e iminente (RGI) o não cumprimento de qualquer item previsto na norma que possa causar acidente ou doença relacionada ao trabalho, com lesão grave à integridade física do trabalhador, especialmente: o gerenciamento dos riscos, projeto de construção, projetos de alteração ou reparo (PAR), procedimentos, treinamentos, qualificação e certificação de pessoal, livro de registro de ocorrências, sistemas de controle e segurança das caldeiras, dispositivos de segurança, manutenção preventiva ou preditiva e inspeções de segurança são algumas das técnicas que os engenheiros de segurança devem utilizar para tornar seguro e prevenir os acidentes em caldeiras.

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A APAEST atua na defesa de seus associados, fortalecendo a engenharia de segurança do trabalho, promovendo o desenvolvimento sustentável na comunidade, incluindo a melhoria das condições de trabalho e a preservação do meio ambiente e da integridade física dos trabalhadores.

Nossa Visão - Promover ambientes de trabalho seguros, utilizando técnicas de engenharia de segurança nos projetos de engenharia.